terça-feira, 8 de julho de 2008

O que é ser PROFESSOR? - Em defesa de uma carreira.

Cristiane Castro*


Em qualquer esquina, em qualquer garagem ou galpão, qualquer pessoa pode abrir um curso e dar aula. Dessa forma, essa pessoa é chamada de PROFESSOR.
Mas, onde está a sua formação? Em que teorias de Psicologia da Educação, Didática, Práticas de Ensino essa pessoa se baseia? De que forma esse “professor” se apropria dos conhecimentos de Piaget, Freud, Vygotski, Paulo Freire? Será que essas pessoas conhecem esses autores, que são fundamentais na formação do profissional da Educação? Que preparo essa pessoa terá para promover a aprendizagem de seus alunos?
Em nossa cidade, pelo menos uma dezena de "professores" começam sua carreira com um propósito: aproveitar o mercado do vestibular e/ou do concurso público. Sim, porque ter um curso preparatório para vestibular e para concursos públicos, para muitos, é uma atividade mais rentável do que seguir na carreira para a qual essas pessoas são capacitadas.
Assim, encontramos engenheiros, ensinando Matemática e Física; Médicos ensinando Química e Biologia; Dentista, Psicóloga e aluno de curso de graduação (curso que nem é licenciatura!!), ensinando Espanhol só para citar alguns casos!
E os profissionais capacitados, qualificados que passam anos em uma universidade, fazendo estágios em escolas, conhecendo a realidade do ensino do Brasil, fazendo relatórios de aula, planos de aula, estudando disciplinas de Licenciatura??? Disciplinas que muito enriquecem o trabalho do professor FORMADO, CAPACITADO para estar em sala de aula, um profissional que é, infelizmente, desrespeitado, primeiramente, pelo governo - por se tratar de uma área na qual não há investimentos maciços e isso é compreensível, uma vez que dar educação ao povo é formar cidadãos críticos, reflexivos -, pela sociedade, que não reconhece o valor do profissional da EDUCAÇÃO, por muitos outros profissionais que, de uma forma até mesmo ultrapassando os limites da ÉTICA, mergulham no mercado de trabalho sem NENHUMA formação para ensinar, prejudicando, de alguma forma, os que têm, ocupando um espaço que deveria ser destinado a profissionais devidamente qualificados.
E onde está a fiscalização para conter essa banalização na área? A que órgão vamos recorrer para evitarmos que OPORTUNISTAS ocupem nossos espaços? De que forma podemos nos unir para começar uma ação em defesa de nossa profissão e nossa integridade?
Não podemos extrair um dente, assinar um projeto arquitetônico, realizar um parto, iniciar uma terapia, defender um criminoso em um tribunal, correndo o risco de sermos punidos por EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO. Mas, o que dizer de pessoas SEM QUALIFICAÇÃO que colocam meia-dúzia de cadeiras, um quadro branco e vão dar aulas? Por que também essas pessoas não são punidas?
Precisamos encontrar meios legais para defender nossa profissão, nosso espaço e evitar que a EDUCAÇÃO continue banalizada em nosso País!

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